Concurso literário em homenagem da União de Freguesias de Faro, uma das maiores freguesias de Portugal, que escolheu como patrono Elviro da Rocha Gomes.
Este é um blogue em memória do meu pai, Elviro Augusto Rocha Gomes, poeta e escritor. Aqueles que quiserem adicionar poemas ou excertos de textos da autoria do meu pai, serão bem vindos. Muitos são versos cómicos, com uma inocência e candura que espelham a personalidade única do autor, que adorava “entreter”. Mas também há os poemas sentidos, que nos fazem sonhar e os poemas críticos às injustiças do mundo que nos fazem pensar.
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
O burro
Era um burro já idoso
estava na terceira idade
lá na vila toda a gente
lhe tinha muita amizade
Com carinho era tratado
pelas empregadas da câmara
e compota de bolota
e ensopado de tâmara
Escovavam-no, lavavam-no
com um shampô especial
não o tratavam por burro
mas sempre por animal
As pernas nunca as usou
pra dar coices a ninguém
e levantava as patas
pra fazer um passou bem
Caminhava muito altivo
apesar de já ser velho
nunca atravessava a rua
se via sinal vermelho
Era um burro inteligente
levava moços à escola
e com eles no recreio
sabia jogar à bola
Era vê-lo aos pinotes
jogando a ponta de lança
corria mesmo sem bola
correr por gosto não cansa
Só uma vez se irritou
e então muito colérico
com fortíssima patada
arrebentou com o esférico !
Excerto de Versos do Elviro escritos de improviso ao seu irmão Vitor
(sem data mas possivelmente nos anos 80)