Burrico algarvio
Meu burrico algarvio
pela estrada fora aos pulinhos!
Meu burrico envolto em pó
de esburacados caminhos!
Tu és o rei da paisagem
com o teu fato cinzento.
Bichos velozes com pneus
não têm o teu luzimento.
Nem faróis de Cadilacs
nem o motor mais possante
valem teus olhos serenos
ou teu focinho ondulante.
A Faro leva legumes,
outras coisas de lá trazes.
Transportas homens, mulheres
ou demónio de rapazes.
Arre,burro duma cana,
arre rei dos animais!
Modesto, sóbrio, pacífico,
que há-de a gente exigir mais?
Meu burriquito do Algarve,
tão sério como magano!
O automóvel é uma máquina
mas tu pareces humano.
Meu burriquito saltitante,
lento e burro mas turístico!
Tens talvez puco de prático
mas tens bastante de mistico!
Este é um blogue em memória do meu pai, Elviro Augusto Rocha Gomes, poeta e escritor. Aqueles que quiserem adicionar poemas ou excertos de textos da autoria do meu pai, serão bem vindos. Muitos são versos cómicos, com uma inocência e candura que espelham a personalidade única do autor, que adorava “entreter”. Mas também há os poemas sentidos, que nos fazem sonhar e os poemas críticos às injustiças do mundo que nos fazem pensar.
domingo, 16 de dezembro de 2012
domingo, 9 de dezembro de 2012
Pelé
Ele é
o Pelé!
Olé
Pelé!
Pe lê,
Pelé!
Na pela
o pé!
Ela
pele é;
ele é
pé nela.
O pé
na pela,
olé
Pelé!
o Pelé!
Olé
Pelé!
Pe lê,
Pelé!
Na pela
o pé!
Ela
pele é;
ele é
pé nela.
O pé
na pela,
olé
Pelé!
Osgas
A osga
viscosa
de bojo
de rojo
a Olga
que a viu
fugiu
com o nojo
Ai, Olga
Ai, a osga!
As osgas
nojosas
molestas
e vesgas
das foscas
betesgas
Ai, Olga
Ai, a osga
E fisgam
as lesmas
e viscam
as vespas
a mascam
as moscas
e gosmam
as gigas
Ai, Olga,
faz figas!
viscosa
de bojo
de rojo
a Olga
que a viu
fugiu
com o nojo
Ai, Olga
Ai, a osga!
As osgas
nojosas
molestas
e vesgas
das foscas
betesgas
Ai, Olga
Ai, a osga
E fisgam
as lesmas
e viscam
as vespas
a mascam
as moscas
e gosmam
as gigas
Ai, Olga,
faz figas!
domingo, 2 de dezembro de 2012
A toupeira e o metropolitano
A toupeira ensurdecida
disse ao metropolitano:
Passe lá por outro lado
onde cause menos dano.
Por acaso sudeceu
mudarem aquela linha,
porque, sendo pouco usada,
de modo nenhum convinha.
À toupeira outras toupeiras
deram uma medalha de ouro
por julgarem que foi ela
que acabou o desaforo.
Com uma voz de comoção,
disse que nada merecia,
e as outras censuraram-lhe
a modéstia em demasia.
disse ao metropolitano:
Passe lá por outro lado
onde cause menos dano.
Por acaso sudeceu
mudarem aquela linha,
porque, sendo pouco usada,
de modo nenhum convinha.
À toupeira outras toupeiras
deram uma medalha de ouro
por julgarem que foi ela
que acabou o desaforo.
Com uma voz de comoção,
disse que nada merecia,
e as outras censuraram-lhe
a modéstia em demasia.
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