quinta-feira, 4 de março de 2010

Vou de coche


Vou de coche, vou de coche
Vou de coche e vou contente.
Quem não quiser andar de coche
que saia da minha frente




Há quem use o avião
e quem gaste a camioneta
e quem vá pela estrada fora
em cima da bicicleta

Eu cá por mim vou de coche.
Vou de coche e não vou mal.
Quem não quer andar de coche
Cá comigo não se rale

Há quem ande de helicóptero
a fazer sombra no chão;
Outros que andam no deserto
de camelo é que eles vão.

Mas eu cá por mim vou de coche
Vou de coche porque quero.
Quem não quiser andar de coche
´lá por ele é que não espero

U-U-U passa o comboio
Faço-lhe adeus com um lenço
demora muito a passar
porque é pesado e extenso.

Mas eu cá por mim vou de coche
vou de coche sem parar.
Quem não quer andar de coche
não me venha importunar.

Um automóvel veloz
vem-se aproximando agora
'inda bem isto não disse
já se foi daqui p'ra fora

Eu cá é que vou de coche
mais a minha companheira.
Quem não quer andar assim
ande lá doutra maneira.

Vou de coche, vou de coche
vou de coche e continuo
e também vão dentro dele
quatro filhos que possuo.

Vou de coche, vou de coche
muito bem acomodado
e a família dentro dele
vai muito bem obrigado.

de Elviro Rocha Gomes, lido na TV por João Villaret.
tirado do blogue "Á beira Lethes"

A ovelha tosquiada

Tosquiaram a ovelha
Parece uma velha
Tão lisa e tão fria
parece uma rã.
Umas mãos hábeis
roubaram-lhe o garbo
tirando-lhe a lã
Assim ficou nua
no meio do prado.
Anda vaidade
passeando na rua
com lã que era sua.

E ela anda nua.

in Á luz da singeleza, de Elviro Rocha Gomes, 1999
tirado do blogue Local e Blogal